No último domingo, 23 de maio de 2010, o Domingo Espetacular, programa jornalístico da Rede Record, mostrou uma reportagem sobre o descaso nos hospitais públicos do Brasil.
Desde que comecei a acompanhar os noticiários e a dar mais atenção as notícias dos jornais em geral, o problema saúde pública nunca deixou de existir e, além disso, tende a piorar a cada dia.
As cenas assustam. Pessoas morrendo em meio a atendentes, enfermeiras e outros pacientes. Entre as cenas vistas, algumas marcaram a reportagem: na primeira delas uma mulher dá a luz sentada em uma cadeira na recepção de um hospital. Ela chega, começa o trabalho de parto, a criança nasce e, durante todo este período, não aparece nenhum médico ou enfermeira. O pai se desespera, a mãe quase desmaia exausta pelo esforço do parto, uma cena simplesmente desumana. A pior parte desta cena é quando uma enfermeira chega no local, ela olha, comenta algo, vai embora e não volta mais, puro descaso. Fiquei imaginando como uma enfermeira pode fazer isso. Outra cena forte foi a de uma empregada doméstica de 30 anos que tem um ataque em pleno corredor do hospital. Ela treme, geme, não consegue respirar, a irmã e a amiga se desesperam, gritam por ajuda, ao lado da cena está uma enfermeira com as mãos no bolso, ela simplesmente observa, não faz nada, só observa. Entendo que talvez a enfermeira não pudesse resolver muita coisa, mas a omissão é a prova de um descaso desumano que vai acima da minha compreensão, muita calma e frieza durante um momento tão assombroso. A doméstica é atendida depois de muito tempo, ficou cega e até agora não sabe o porquê.
A reportagem prossegue e o quê vemos é mais descaso, hospitais lotados, pessoas sendo medicadas nos corredores. Os atendentes nunca sabem de nada, as enfermeiras em nada ajudam, os médicos nunca estão presentes, os leitos sempre lotados, as consultas com especialistas são marcadas para meses depois, as ambulâncias não são suficientes e etc., etc., etc. Todos estes problemas se alastram a décadas, assim como sempre ouvimos de corrupção, ouvimos dos problemas do sistema de sáude público. Anos e anos e os mesmos problemas perduram.
As imagens foram levadas ao ministério público que se manifestou através de um representante que disse algo que traduz tudo o quê a reportagem mostrou: "Sempre soubemos que a qualidade da admnistração nos hospitias não são das melhores, mas a falta de humanização dos atendentes, enfermeiros e etc. realmente imprescionam".
Uma das coisas que mantém a humanidade com pequenas chances de dar certo, é o sentimento pela vida, seja ela a sua própria ou a alheia. A história mostou isso. Um sentimento inconsciente, mas que garante a harmonização da vida em sociedade. É pelo amor a vida que pessoas se unem e ajudam umas as outras. O ser humano já provou isso em momentos históricos na humanidade: guerras, catástrofes, ditaduras e etc.
Nestes momentos muitas pessoas se uniram e arriscaram sua vida para garantir a vida de outras pessoas que nem sequer conheciam ou iriam conhecer. Este respeito pela vida é o que nos mantém vivos como humanidade. Estes médicos, enfermeiras, atendentes e todos que demonstraram o descaso no atendimento a seus pacientes, revelaram um lado do ser humano que realmente assusta. A ética profissional sumiu de de seus currículos, seus valores pessoais se desmancharam e tudo isso só contribui para piorar a situação destas pessoas que necessitam do Estado para terem um atendimento médico-hospitalar. O Estado tem deixado a desejar, e agora, o ser humano também tem feito o mesmo papel, contribuindo para que o descaso se torne ainda mais desumano, demasiadamente desumano....